terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Dislexia

Definição
Deve considerar-se a dislexia como uma perturbação da linguagem que se manifesta na dificuldade de aprendizagem da leitura e da escrita, em resultado de atrasos de maturação que prejudicam o estabelecimento das relações espácio-temporais, a área motora, a capacidade de discriminação perceptivo-visual, os processos simbólicos e a capacidade numérica e/ou a competência social e pessoal. "Etimologicamente, dislexia significa «dificuldade na fala ou na dicção» (…) que engloba uma dificuldade na aprendizagem na leitura." (Torres & Fernández, 2001, p. 3,4) .
"A criança com dificuldade de aprendizagem da leitura não revela qualquer deficiência, auditiva, motora, intelectual ou emocional. O seu potencial de aprendizagem está íntegro, só que não aprende a ler facilmente, embora compreenda a linguagem falada e a utilize." (Jonhson & Myklebust, 1964 in Fonseca, 2008, p. 460)
Sally Shaywitz (2008) refere que algumas crianças, incluindo alguns muito inteligentes, sentem significativas dificuldades em aprender a ler, não se ficando a dever a qualquer falha deliberada. Este problema frustrante e presistente traduz-se em DA centrada na leitura, recebe a designação de Dislexia. 
As crianças disléxicas compreendem a linguagem falada, no entanto, não conseguem decifrar o código escrito. Tem dificuldades em soletrar palavras, aceder a palavras guardadas na memória, para as articular e recordar certos factos. "A dislexia é um problema complexo que tem as suas origens em sistemas cerebrais básicos que permitem ao indivíduo compreender e usar a linguagem." (Sally Shaywitz, 2008, p.14)

Principais Tipos de Dislexia
Torres & Fernández (2001) elucidam-nos para o facto de existirem síndromes disléxicas distintas com alguns traços em comum, os três principais tipos de dislexia que enumeram são os que passo a enunciar:
1. Síndromes audiofonológico e visuoespaciais.
2. Síndromes de perturbações: Linguísticas; Descoordenação grafo motora; Perturbações perceptivas visuoespaciais; Sequenciação disfonética  e Memória verbal.
3. Síndromes caracterizados por problemas de processamento: Sintáctico; Semântico  e Fonológico.
Descrição de um Disléxico
"Descrição original da criança disléxica (Orton 1937):
1) Percepção visual normal;
2) Desordem neurológica (no girus angular). A região envolvida na alexia terá de ser a mesma da dislexia. Alexia (adulto); Dislexia (criança);
3) Os Disléxicos lêem melhor quando o texto está invertido ou em espelho;
4) Muitos disléxicos apresentam, frequentemente, ambidextria;
5) Muitos disléxicos apresentam gaguez (disritmia);
6) Alta frequência de canhotismo nas crianças disléxicas;
7) As famílias de crianças disléxicas apresentam frequentemente desordens de aprendizagem;
8) As crianças disléxicas apresentam talentos espaciais originais;
9) As crianças disléxicas apresentam dados evolutivos lentos na aquisição das primeiras palavras e das primeiras frases;

10) As crianças disléxicas têm problemas psicomotores clumsy;
11) Crianças sem dificuldades na leitura, contudo, com dificuldades significativas no ditado;
12) As crianças com dislexia podem ter, frequentemente, problemas emocionais. Problemas emocionais não como consequência lógica das DA, mas como resultado directo de mudanças no cérebro;
13) A dislexia apresenta uma predisposição masculina;
14) A dislexia é mais comum em linguagens escritas fonéticas (mais em inglês do que em espanhol)." (Fonseca, 2008, p. 482)

Comportamentos e problemas escolares associados
Hoje existem enumeras listagens de sinais e sintomas disléxicos, Torres & Fernández (2001) referem que em geral as características da dislexia podem agrupar-se em, dois grandes blocos, comportamentais e escolares.
A maioria destas crianças mostra-se insegura ou excessivamente vaidosa, o que a leva a ter uma atenção instável, consequência da fadiga do empenho na superação das dificuldades perceptivas e um grande desinteresse pelo estudo, daí estas crianças terem um rendimento escolar baixo. Estas crianças podem ainda apresentar dificuldades em diferenciar a esquerda da direita e problemas de orientação.
No âmbito escolar basicamente, e como já foi referido, as dificuldades prendem-se com a escrita, a leitura, a manipulação de símbolos na matemática, a captação de sequências temporais na história, o estabelecimento de coordenadas na geografia e as relações espaciais na geometria.
De forma, geral a leitura das crianças dislexicas é lenta, sem ritmo, com leitura parcial de palavras, perda de linha, confusão quanto à ordem das letras, inversão de letras ou palavras e mescla de sons ou incapacidade de ler fonológicamente.
Na escrita, é afectada a componente motora do acto de escrever, o que provoca o cansaço muscular que tem como consequência uma caligrafia deficiente, com letras pouco diferenciadas, mal elaboradas e mal proporcionadas. A ortografia pode ser afectada por um défice da percepção e memorização visual.
No que respeita à psicomotricidade podem referir-se o atraso na estruturação e no conhecimento do esquema corporal, dificuldades senso-perceptivas responsáveis pela confusão de formas, tamanhos, e posições, dificuldades motoras na execução de exercícios manuais e de grafismos, e por último a tendência da escrita em espelho: p em vez q.
No que concerne à linguagem os indicadores primários são as dislalias ou problemas articulatórios que é um distúrbio da fala, caracterizado pela dificuldade em articular as palavras. Basicamente consiste na má pronúncia das palavras, seja omitindo ou acrescentando fonemas, trocando um fonema por outro ou ainda, distorcendo-os. A falha na emissão das palavras pode ainda ocorrer em fonemas ou sílabas. Assim sendo, os sintomas da dislalia consistem em omissão, substituição ou deformação dos fonemas. 

Intervenção e Reeducação
De acordo com Hynd & Cohen (1987) in Torres & Fernández (2001) deve-se avaliar as potencialidades e vulnerabilidades neuropsicológicas das crianças, relacionar as capacidades neuropsicológicas com o método terapeutico destinado a estimulá-las e aumentar a motivação e a autoconfiança durante toda a intervenção. Posteriormente deve-se esclarecer de modo claro e objectivo a terapeutica a seguir, para que outros profissionais o possam aplicar. Deve-se levar a cabo a intervenção através de profissionais e intervir durante um periodo de tempo suficientemente prolongado para provocar o desenvolvimento das capacidades disponiveis.
Torres & Fernández (2001) aclaram que nem todos os programas são válidos para qualquer disléxico mas referem que deve ser feita:
1. Educação multissensorial;
2. Educação psicomotora;
3. Treino perceptivo-motor;
4. Desenvolvimento psicolinguistico: Recepção auditiva, Recepção visual, Associação auditiva, Associação visual, Expressão verbal e O encerramento gramatical;
5. Treino da leitura e da escrita.

Fontes:
Fonseca, V. d. (2008). DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM abordagem neuropsicológica e psicopedagégica ao insucesso escolar (4ª ed.). Lisboa: Âncora. Correia, L. d., & Martins, A. P. (1999). Dificuldades de Aprendizagem. Porto: Porto Editora.
Morais, J. (1997). A Arte de Ler - Psiclogia Cognitiva da Leitura (1ª Edição ed.). Lisboa: Edições Cosmos.
Sally Shaywitz, M. (2008). Vencer a Dislexia Como dar Resposta às Perturbações da leitura em qualquer fase da vida. (I. M. Soares, Trad.) Porto: Porto Editora.
Serra, H., Nunes, G., & Sandra, C. (2007). Avaliação e diagnóstico em dificuldades específicas de aprendizagem (2ª ed.). Porto: Edições Asa.
Torres, R. M., & Fernández, P. (2001). dislexia, disortografia e disgrafia. (J. A. Lopes, Trad.) Amadora: McGraw-Hill.
Viana, F. L., & Teixeira, M. M. (2002). Aprender a ler - da aprendizagem informal à aprendizagem formal (1ª ed.). Porto: Edições Asa.
http://vilarealonline.blogs.sapo.pt/140976.html

1 comentário:

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